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Keywords

Terras Baixas Sul-americanas; Guianas; Povos indígenas; Etnologia Amazonista

Abstract

Na introdução a este número especial da Tipití, dedicado a etnografias recentes realizadas junto a povos indígenas na Amazônia guianense, sobrevoamos as principais tradições antropológicas que posicionaram a região no centro dos debates da etnologia amazonista. Alternativamente definida como “área linguística”, “área cultural” ou “área etnográfica”, a região das Guianas é compartilhada por coletivos indígenas falantes de idiomas da família Caribe e, em menor medida, de línguas Aruaque, Tupi, Yanomami, Sáliva e Warao, e está associada a algumas das monografias que inauguraram o período moderno da reflexão etnológica sobre o parentesco na Amazônia, além de influentes sínteses comparativas a propósito dos sistemas regionais nativos das Terras Baixas da América do Sul. No decorrer do texto, apontamos a repercussão recente de imagens clássicas a respeito dos povos indígenas guianenses, bem como o despertar de outras preocupações teóricas e de novos contextos de diálogo disciplinar e de trabalho etnográfico na Amazônia. Ressaltamos, nesse sentido, que esta coletânea é possivelmente uma das primeiras de antropologia nas Guianas a incluir textos de pesquisadores indígenas, eles próprios pertencentes ao povo Wai Wai. Seus textos, ambos escritos em colaboração com um pesquisador não indígena, demonstram a necessidade de diferentes soluções de autoria e de método, em um contexto de crescente presença indígena na academia. Os artigos, incluídos no número especial, apresentam uma amostra das pesquisas contemporâneas realizadas nas Guianas e abordam temas tão diversos como convivialidade, gênero, parentesco, moralidade, emoções, morte, ritual, música, espaço-temporalidade, movimento, memória, oralidade, mitologia, parceria e autoria etnográfica. As contribuições evidenciam, assim, a fecundidade perene de debates caros à etnologia regional, ao mesmo tempo em que iluminam transformações significativas de paradigmas antropológicos e das próprias vivências dos povos guianenses.

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