"Baniwa Speculative Kinship" by João Vianna
  •  
  •  
 

Keywords

Kinship; Baniwa; Northwest Amazon

Abstract

This article discusses the dynamics of Indigenous kinship in the Amazon, based on the autobiographical narrative of Mr. Júlio Cardoso, a ninety-year-old man of the Baniwa people. From his account, I develop an ethnographic discussion on the Baniwa, speakers of an Arawak language and inhabitants of the Upper Rio Negro, with a particular focus on the relationships between Indigenous and non-Indigenous peoples. Júlio’s life is highlighted due to his extended period living with patrões from the regional aviamento system between the 1950s and 1970s. One of Júlio’s most recurrent formulations regarding these non-Indigenous bosses is that they were “as if” they were his fathers, a notion that is not considered either metaphorical or fictitious. I also analyze two important markers of the conversion of relationships: “getting used to” analogous to consanguinity, which allows the patrão to be conceived as a type of father – and “getting tired of,” which expresses relationships analogous to enmity. I conclude that a type of speculative kinship is revealed among the Baniwa through Júlio Cardoso, where “as if” becomes a mode of performing kinship operations. These operations allow for the ontological encounter and the comparison of worlds, creating possible relations, inverting orders between the visible and invisible, between the innate and the constructed.

Translated Abstract

Este artigo tem como objetivo apresentar e discutir as dinâmicas do parentesco indígena na Amazônia a partir da narrativa autobiográfica do Sr. Júlio Cardoso, um homem de 90 anos do povo Baniwa. Ao analisar seus relatos, desenvolvo uma discussão etnográfica sobre os Baniwa, falantes de uma língua Arawak e habitantes do Alto Rio Negro, com um foco particular nas relações entre os povos indígenas e não indígenas. A vida de Júlio é destacada devido ao seu extenso período convivendo com patrões do sistema de aviamento regional entre as décadas de 1950 e 1970. Uma das formulações mais recorrentes de Júlio sobre esses patrões não indígenas é que eles eram “como se” fossem seu pai, uma noção que não será considerada nem metafórica nem fictícia. Dois importantes marcadores da conversão das relações são analisados: “acostumar-se” – análogo à consanguinidade, que permite conceber o patrão como um tipo de pai – e “se cansar”, que expressa relações análogas à inimizade. Esses conversores ajudam a explicar certas operações do parentesco. Concluo que um tipo de parentesco especulativo se revela entre os Baniwa por meio de Júlio Cardoso, para quem “como se” se torna uma forma de realizar e inventar o parentesco. Essas operações admitem o encontro ontológico e a comparação de mundos, criando relações possíveis, invertendo ordens entre o visível e o invisível, entre o inato e o construído.

Share

COinS