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Keywords

Indigenous food economies; Lowland South America; Indigenous Rights; Kinship and relatedness; Indigenous epistemologies

Abstract

This special issue of Tipití presents a critical examination of ‘food economies’ and their transformations within Indigenous communities in Lowland South America. Stemming from seminal ideas in the Anthropology of Lowland South America that directly or indirectly discuss ‘food’ (and much of what goes along with it), this edited volume focuses on the materiality of relations as a lens for understanding contemporary Indigenous lives and their changes, according to how they are perceived by Indigenous peoples themselves and others such as health care professionals and the state. The articles explore how Indigenous foodways—from acquisition to consumption, including sharing and distribution—reveal key aspects of transformations that are deeply intertwined with kinship networks and relational logics, such as co-residence, commensality, and consubstantiality. The volume critically discusses technical constructs such as 'food security,' which does not adequately render nuanced Indigenous understandings of well-being that often prioritize joy, beauty, and vitality, as well as material conditions of the land, over technical nutritional intake measurements. Using rigorous ethnographic approaches and a variety of case studies, the contributors analyze the interplay of Indigenous sociocosmologies, kinship systems, and relatedness, as well as external forces—whether peaceful or disruptive—such as public policies, market dynamics, and the monetization of exchange and relations of mutuality. The articles reveal Indigenous resilience, paths of changes, and strategies to maintain autonomy in a context of profound social transformations. They highlight how food systems are inextricably linked to broader sociopolitical and ecological alterations. The volume addresses methodological challenges, emphasizing the mandate to prioritize indigenous demands in their own perspectives. It advances a model for understanding traditional food systems and their interaction with international legislation and programs that define appropriate ways to eat, to perceive and address hunger, and related matters. These have an impact at the national level and are often at odds with local laws that protect Indigenous people’s ways of life. Thus, the edited volume underscores the multidimensional nature of food as a nexus that ties together sociality, care, communion, and conflict, as well as political agency. It offers profound insights into Indigenous knowledge systems and the vital role of native epistemologies for the production of contemporary communal living in Lowland South America.

Translated Abstract

Este número especial da Tipití apresenta um exame crítico de “economias alimentares” e suas transformações em comunidades indígenas da América Tropical. Retomando ideias seminais da Antropologia das Terras Baixas da América do Sul que trazem discussões diretas ou indiretas sobre a “comida” (e muito do que vem junto com ela), esta coletânea toma a materialidade das relações como uma lente estratégica para compreender os modos de vida indígenas contemporâneos, incluindo suas transformações tais como são percebidas pelos próprios povos indígenas e por outros atores, como profissionais da saúde e o Estado. Os artigos exploram como modos de alimentação indígenas — da aquisição ao consumo, do compartilhamento à distribuição — revelam aspectos centrais de transformações entrelaçadas a redes de parentesco e a lógicas relacionais como a corresidência, a comensalidade e a consubstancialidade. O volume aborda criticamente constructos especializados — como o de “segurança alimentar” — a fim de argumentar que eles são inadequados para captar as nuances das compreensões indígenas sobre seu bem-estar, as quais frequentemente priorizam alegria, beleza e vitalidade, e as condições materiais da terra, fatores que estão para além de parâmetros técnicos de ingestão nutricional. Por meio de abordagens etnográficas rigorosas e de estudos de caso diversos, as autoras e os autores analisam a interação entre sociocosmologias indígenas, seus sistemas de parentesco, formas de relacionalidade e forças externas — tanto pacíficas quanto disruptivas —, a exemplo de políticas públicas, dinâmicas de mercado e monetização das trocas e das relações de mutualidade. Os artigos evidenciam a resiliência indígena e as trajetórias coletivas de mudança, ao lado das estratégias para manter sua autonomia diante de profundas transformações sociais, destacando como os sistemas alimentares estão indissociavelmente ligados a transformações sociopolíticas e ecológicas mais amplas. A coletânea aborda desafios metodológicos e enfatiza o imperativo de priorizar as demandas indígenas a partir de suas próprias perspectivas. Desse modo, um modelo transformador para a compreensão dos sistemas alimentares tradicionais é proposto, pois leva em conta suas interfaces com legislações internacionais e programas sociais de nível nacional que definem modos considerados adequados de comer, de perceber e enfrentar a fome e temas correlatos, os quais os afetam e, com frequência, se mostram dissonantes das legislações que protegem seus modos de vida. Por fim, o volume sublinha a natureza multifacetada da comida como um nexo de socialidade, cuidado, comunhão e conflito, além de agência política, oferecendo insights profundos sobre os sistemas indígenas de conhecimento e o papel vital das epistemologias nativas na produção de modos contemporâneos de vida coletiva nas Terras Baixas da América Tropical.

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