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Keywords

Childbirth, care, Mehinako, Upper Xingu, Indigenous health.

Abstract

This article addresses issues of care and corporeality during gestation, childbirth, the postpartum period, and childcare through a case study conducted with Mehinako people. Among this Amazonian people, care forms the person, having an elementary function in the daily construction of kinship relations through means of affection. A recent trend has caused expressive transformations in the way women experience corporeality and the making of a person: the displacement of birth from the home to hospitals, motivated by women’s fear, desire, and curiosity. In the city, Indigenous women transit through medical institutions, which I propose may be read as interference zones. There, they undergo interventions from a set of preestablished technocratic routines and have to engage in ontological and epistemological disputes. Furthermore, they find themselves using their creativity to perform their own hospital births, and to interfere in their relatives’ childbirth experiences through measures of care. I analyse here the multiple meanings attributed to care, alongside the problems and possible solutions women anticipate for hospital childbirth, while seeking to contribute to reflections on corporeality and kinship and discussions of gender in Indigenous Amazonia.

Translated Abstract

Este artigo aborda questões de cuidado e corporeidade durante a gestação, o parto, o período pós-parto e o cuidado infantil por meio de um estudo de caso realizado com o povo Mehinako. Entre esse povo amazônico, o cuidado forma a pessoa, desempenhando uma função elementar na construção cotidiana das relações de parentesco por meio do afeto. Uma tendência recente provocou transformações expressivas na maneira como as mulheres experimentam a corporeidade e a constituição da pessoa: o deslocamento do parto do domicílio para os hospitais, motivado pelo medo, desejo e curiosidade das mulheres. Na cidade, as mulheres indígenas transitam pelas instituições médicas, que proponho serem lidas como zonas de interferência. Nesses locais, elas passam por intervenções de um conjunto de rotinas tecnocráticas preestabelecidas e precisam se engajar em disputas ontológicas e epistemológicas. Além disso, utilizam sua criatividade para realizar seus próprios partos hospitalares e interferir nas experiências de parto de seus parentes por meio de medidas de cuidado. Analiso aqui os múltiplos significados atribuídos ao cuidado, junto com os problemas e possíveis soluções que as mulheres antecipam para o parto hospitalar, buscando contribuir para reflexões sobre corporeidade e parentesco e para debates sobre gênero na Amazônia indígena.

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